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SNS na Sala de Urgência: Mais Doenças Crónicas do Que Curas à Vista no Serviço Nacional de Saúde Português

Listas de espera que não param de crescer, falta de médicos de família em todo o país e urgências à beira de um ataque de nervos. O raio-x a um SNS que precisa, urgentemente, de mais do que pensos rápidos.

Sofia Ribeiro Almeida Sofia Ribeiro Almeida Jornalista de Tecnologia, Ciência, Saúde, Meio Ambiente e Clima | Porttugal
6 Minutos
2025-05-07 09:17:00
SNS na Sala de Urgência: Mais Doenças Crónicas do Que Curas à Vista no Serviço Nacional de Saúde Português

Lisboa, 6 de maio de 2025 – Havia o tempo em que o Serviço Nacional de Saúde era o nosso basto – a âncora que nos segurava em matéria de saúde, o orgulho de ter acesso a cuidados médicos quando precisávamos, independentemente da carteira. Mas, convenhamos, essa imagem, embora ainda acalentada por muitos, anda cada vez mais difícil de encaixar na realidade que milhões de portugueses enfrentam no dia a dia. O SNS, a espinha dorsal do nosso acesso à saúde, está na sala de urgência. E a coisa está séria.

Não é preciso ser doutor para ver que o sistema anda nas lonas. As notícias que chegam e os relatos de quem precisa batem todos na mesma tecla: o acesso a cuidados básicos e especializados está complicado.

Milhares sem Porta de Entrada: O Drama do Médico de Família Que Não Chega

Um dos dramas sem ponta por onde se pegue é a falta de médicos de família. Segundo dados recentes que têm vindo a público por esta altura, cerca de 1 milhão e meio de utentes em Portugal continua sem médico de família atribuído. Um número brutal que diz tudo sobre o acesso aos cuidados primários – aquela primeira linha que devia resolver a maioria dos problemas, evitar que as situações se arrastem e que as pessoas acabem por ir parar às urgências por tudo e por nada. Sem médico de família, anda tudo aos papéis para marcar uma simples consulta, renovar uma receita, ou ter um acompanhamento de jeito para doenças crónicas.

Listas de Espera: Uma Doença Crónica do Próprio SNS

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E quando se consegue uma consulta com o médico de família (se o tiver!) e é preciso ir a um especialista ou fazer uma cirurgia? Aí, a coisa complica-se ainda mais. As listas de espera, essas famosas listas, continuam a ser um calcanhar de Aquiles do SNS. Relatórios apontam que os Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG), definidos por lei para consultas de especialidade ou cirurgias, não são cumpridos em muitos casos, ou os tempos médios de espera são altíssimos, obrigando a gente a esperar meses, ou até mais de um ano, por um procedimento ou consulta que pode ser vital.

Esta espera põe a vida em suspenso. Uma diagnóstico que chega tarde, uma cirurgia adiada, significam o agravar de doenças, mais sofrimento, perda de qualidade de vida e, em alguns casos, situações que se tornam irreversíveis.

Urgências Sob pressão: A Válvula de Escape Que Rebenta

Com o acesso aos cuidados primários e as especialidades a andar a passo de caracol, as urgências dos hospitais acabam por ser a válvula de escape. Mas essa válvula está sob uma pressão brutal. Vemos e ouvimos notícias de serviços de urgência abarrotados, com tempos de espera que tirariam a paciência a um santo, macas nos corredores, e profissionais de saúde esgotados, a fazer das tripas coração para dar resposta a tudo. Muitas das situações que chegam às urgências podiam e deviam ter sido resolvidas nos centros de saúde, se o acesso a estes fosse mais fácil.

Diagnóstico Claro, Faltam As Curas a Sério

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As causas para esta situação não são mistério. Falta de financiamento crónico, a fuga de profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos) para o setor privado ou para o estrangeiro à procura de melhores condições de trabalho e carreira, problemas de gestão e organização interna – tudo isto se junta para criar este nó cego que é o estado atual do SNS.

A coisa anda difícil para os utentes, que sentem que o acesso a um direito fundamental – a saúde – está a ficar cada vez mais na mão de quem pode pagar pelo privado. Isto cria desigualdades gritantes e mina a confiança num serviço que devia ser universal e de qualidade para todos.

O SNS não precisa de pensos rápidos ou remendos. Precisa de um tratamento a sério, de um plano de longo prazo que ponha os pontos nos is na questão do financiamento, que segure os profissionais de saúde, que reforce os cuidados primários para aliviar a pressão nos hospitais.

É tempo de olhar a sério para o nosso SNS, porque a saúde não pode andar à espera. Está na hora de passar do diagnóstico para as curas que realmente dêem a volta à situação, antes que seja tarde demais para o paciente.