
A Era Digital e o Novo Consumidor Português Em 2025, Portugal testemunha uma transformação significativa nos hábitos de consumo, impulsionada por dois factores determinantes: a digitalização acelerada e uma crescente consciência ambiental que atravessa todas as faixas etárias. Os portugueses estão a adoptar novas formas de interagir com produtos, serviços e experiências, reflectindo alterações estruturais no seu quotidiano e redefinindo o que significa consumir numa sociedade cada vez mais interligada e informada.
O comércio eletrónico tem registado um crescimento notável, deixando de ser uma tendência para se tornar um pilar da economia doméstica. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2020 e 2022, o volume de transacções no comércio eletrónico aumentou cerca de 18%, um valor que não surpreende face à consolidação de plataformas online, à conveniência das entregas ao domicílio e à confiança crescente nos métodos de pagamento digitais. Esta tendência já não se limita às compras de bens materiais; serviços como aulas virtuais, consultas médicas por videoconferência, plataformas de subscrição e experiências culturais digitais, como visitas a museus e concertos em streaming, tornaram-se parte do tecido social moderno.
O setor do entretenimento digital está igualmente em franca expansão. Em 2024, os portugueses assistiram a mais 20,3 milhões de horas de conteúdos em plataformas de streaming em relação ao ano anterior, representando um crescimento anual de 25,2%. Esta explosão de consumo reflecte não apenas o acesso facilitado à tecnologia, mas também uma mudança de paradigma na forma como o lazer é vivenciado. Paralelamente, o mercado dos videojogos em Portugal alcançou mais de 258 milhões de dólares em receitas, com uma taxa de crescimento anual composta estimada em mais de 11% até 2027. Este fenómeno é transversal a todas as idades, com cada vez mais adultos a recorrerem aos videojogos não apenas como forma de entretenimento, mas também como ferramenta de socialização e alívio do stress.
Sustentabilidade: Uma Prioridade Emergente A preocupação com o meio ambiente tornou-se central nas decisões de compra dos portugueses, com impacto directo na forma como as marcas operam e se apresentam ao mercado. De acordo com um estudo da Wechase, os consumidores portugueses exigem hoje maior transparência na cadeia de produção e demonstram preferência por produtos com impacto ambiental reduzido, como embalagens recicláveis, produtos de origem local, marcas com certificações ecológicas e processos logísticos mais sustentáveis.
Esta tendência de consumo consciente é particularmente acentuada entre as gerações mais jovens, como os millennials e a Geração Z, que valorizam práticas éticas e responsabilização social. No entanto, é também cada vez mais comum entre consumidores de faixas etárias superiores, muitos dos quais adoptam práticas sustentáveis por motivos de saúde, economia doméstica ou legado intergeracional. Empresas que investem activamente em políticas de sustentabilidade não só respondem a estas exigências, como também reforçam a sua reputação e fidelização junto de um público mais informado e exigente.
Bem-Estar e Saúde Mental em Foco O bem-estar pessoal, em particular o equilíbrio emocional e a saúde mental, ganhou centralidade nas escolhas de consumo. Em 2025, observa-se uma procura crescente por serviços e produtos que promovam estilos de vida saudáveis e conscientes. Entre os destaques estão o aumento do consumo de alimentos funcionais, suplementos nutricionais adaptados às necessidades individuais, aplicações de meditação e sono, e espaços que favoreçam o descanso e a introspecção, como retiros de bem-estar ou centros de yoga urbanos.
A valorização da saúde emocional também se reflete na procura por ambientes de trabalho mais equilibrados e por produtos que promovam a desconexão digital — como livros físicos, jogos de tabuleiro e actividades ao ar livre. Esta mudança cultural representa uma verdadeira reorientação de prioridades: mais do que acumular bens, o novo consumidor português valoriza o tempo, a experiência e a qualidade de vida.
A Influência da Geração Z A Geração Z, composta por jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, está a desempenhar um papel preponderante na transformação do mercado de consumo. Crescendo num ambiente completamente digital, esta geração recusa padrões publicitários tradicionais e privilegia marcas autênticas, transparentes e que se posicionem de forma clara em questões sociais e ambientais.
Nas redes sociais, especialmente TikTok, Instagram e plataformas emergentes de microconteúdo, esta geração dita tendências de forma orgânica e quase instantânea. Para captar a atenção deste público, as empresas precisam de apostar em conteúdos criativos, colaborativos e que incentivem o envolvimento genuíno — seja através de desafios, storytelling emocional ou iniciativas de co-criação com os próprios consumidores.
Adicionalmente, a Geração Z valoriza experiências omnicanal e exige coerência entre os canais físico e digital. Marcas que falham em integrar os seus pontos de contacto perdem espaço para concorrentes mais ágeis e tecnologicamente adaptados.
Conclusão As mudanças nos hábitos de consumo em Portugal em 2025 evidenciam uma sociedade em profunda evolução, onde a digitalização, a sustentabilidade, o bem-estar e a personalização são os pilares centrais. Esta nova era de consumo exige um olhar atento por parte das empresas, que devem reposicionar as suas estratégias de mercado para corresponder às expectativas de consumidores cada vez mais conscientes, exigentes e informados.
As organizações que compreenderem o alcance destas transformações e se adaptarem de forma ágil e inovadora estarão não só melhor preparadas para enfrentar os desafios do presente, como também mais capacitadas para liderar o futuro. Neste novo panorama, o consumo já não é apenas uma transacção: é uma extensão da identidade, dos valores e da visão de mundo de cada indivíduo.